A mídia está enraizada na vida em sociedade, ainda que uma cidade, lugarejo ou região não tenha energia elétrica. Mesmo nesses locais, há um rádio à pilha ou outras formas de comunicação social.
Sem a mídia, ficamos aquém da realidade. Ouvir rádio, assistir TV, navegar na internet, falar, ler, assistir vídeos e consultar as redes sociais ao celular são rotina em todo o mundo.
Vivemos em uma era em que tudo, absolutamente tudo, é visto, ouvido, lido, compartilhado, comentado ou curtido. A tecnologia invadiu todos os espaços, inclusive o ambiente escolar. Garantiu espaço na educação informal, em casa e na educação formal, ainda que boa parte das escolas e educadores não tenha descoberto, ao certo, como lidar com ela de forma plena em sala de aula.
Mas se a tecnologia e a mídia estão em tudo, por que não utilizamos mais os meios de comunicação para falar, discutir, reforçar boas práticas e estimular a qualidade da nossa educação?
Em tempos de globalização nunca se leu tanto, nunca se ouviu tanto, nunca se viu tanto! Então por que não oferecer bons conteúdos , conteúdos educativos, que estimulem a busca de mais e mais conhecimento?
Vasculhando programas e emissoras de TV, rádio, sites, blogs, canais no YouTube, é possível, sim, encontrar boas produções voltadas à educação, graças a Deus.
Mas a quantidade de produções destinadas à educação, cidadania, responsabilidade social não é significativa se comparada aos demais temas abordados pela mídia.
Na minha singela observação, entre os motivos para o não investimento em educação na mídia estão a falta de visão por parte dos empresários da mídia, que visam apenas o lucro imediato, já que a educação é uma carência da nossa sociedade e produções bem feitas neste sentido certamente encontrarão seu público a médio e longo prazos; falta de percepção por parte de investidores e empresas, que poderiam reforçar sua marca muito positivamente, apostando em educação na mídia; e falta de percepção do grande público, que recebe e engole produções sem qualquer conteúdo, não exigindo conhecimento ou produções midiáticas que ampliem seus horizontes ao invés de estreitá-los.
Parece-me que os três itens somados tornaram-se um grande círculo vicioso: não se oferece educação e, por conseguinte, não se exige a mesma também.
Talvez porque a educação no Brasil não tenha lugar de destaque nas ações públicas, na estratégia dos governos, e nem mesmo seja indicada e vista como primeiríssima prioridade pela própria população.
Talvez porque nossos profissionais da educação perderam o poder e o status que tinham há algumas décadas. Talvez porque as universidades que formam nossos educadores não estejam acompanhando a mudança rápida que ocorre no mundo e, principalmente, com as novas gerações.
Mas talvez, e certamente por isso, porque não haja interesse em que a educação seja oferecida a todos, de forma ampla e irrestrita, e com qualidade, muita qualidade, porque é sabido, desde os primórdios do homem na terra, que o conhecimento é a mais poderosa das armas. E população empoderada e conhecedora de seus direitos não permite desmandos.
Assim, o que devemos esperar e exigir neste 28 de abril, Dia da Educação, que coincidentemente está sendo comemorado em dia de greve geral contra os desmandos de nossos governantes, seja a priorização dela em nosso país.
É hora de ampliarmos nossos olhares e horizontes para além das nossas preocupações diárias com emprego e sobrevivência para pensarmos em um futuro digno, com gente instruída, com gente que saiba olhar as situações e problemas e refletir sobre eles, buscar alternativas e saídas com base no conhecimento adquirido não só no dia a dia, com as agruras da vida, mas nos bancos escolares, livros e com informações preciosas e reflexivas apresentadas por meio da mídia. Dá para fazer…