Com as recentes discussões sobre a qualidade de ensino no Brasil, vale relembrar o que o relatório do PISA divulgado em 2015, já indicava: o país se mantém estagnado desde 2009 no quesito educação, e amarga as últimas colocações no ranking mundial que faz o levantamento junto a 70 países.
O Brasil
Nas três áreas de conhecimento: ciências, leitura e matemática – o país ficou abaixo da média mundial. Singapura ficou em primeiro lugar nas três categorias, antes da posição de número 60 alcançada pelo Brasil.
Matéria | Brasil | Mundo |
Ciências | 401 | 493 |
Leitura | 407 | 493 |
Matemática | 377 | 490 |
O resultado do Brasil permaneceu ruim nas três áreas, e, infelizmente, comparando-se os dois últimos estudos, o país tupi-guarani manteve a média baixa, não oscilando para nenhum lado.
Reprovação
O relatório de PISA faz também uma leitura socioeconômica dos países participantes. Segundo a publicação os níveis de desigualdade social são altos, a exemplo das incidências de reprovação. No Brasil 36% dos jovens de 15 anos repetiram ao menos uma vez o ano escolar. Trata-se da segunda taxa mais alta da América Latina, perdendo apenas para a Colômbia com 43%.
Diplomados
Um outro agravante ganha destaque. O baixo número de adultos entre 35 a 44 anos que possuem nível superior completo é alarmante: apenas 15% são diplomados, contra 37% dos outros países.
Imigrantes
O relatória PISA ainda destaca o baixo número de imigrantes, sendo de primeira ou segunda geração. Menos de 10% dos brasileiros que realizaram os testes são estrangeiros. Comparando o desempenho dos jovens da mesma classe-social, os imigrantes tiveram 66 pontos a menos que os “nativos” em ciências.
Gasto x Desempenho
O gasto por aluno com idade entre 6 e 15 anos no Brasil foi de US$ 38,192, o que equivale 42% do investido em outros países. O próprio relatório compara o Brasil com outras nações latinas como Colômbia, Uruguai, México e Chile. As três primeiras têm custo-aluno menor e, mesmo assim, obtiveram melhores resultados, o que aponta melhor gestão do dinheiro destinado à educação. Já o Chile tem custo-aluno quase idêntico ao do Brasil (US$ 40.607) e também obteve nota melhor em ciências, 477 contra 401.
Igualdade entre gêneros
Ainda longe de acabar com a disparidade, o Brasil está acima na média na diferença de notas entre garotas e garotos.
Crianças nas escolas
No Brasil, 71% dos jovens na faixa de 15 anos de idade estão matriculados na escola a partir do 8º ano. Um aumento de 15% em 12 anos. O próprio relatório elogia o desempenho brasileiro, embora ele esteja longe de ser bom.
O fato de o Brasil ter expandido o acesso escolar a novas parcelas da população de jovens sem declínios no desempenho médio dos alunos é um desenvolvimento bastante positivo.
De qualquer forma, é muito bom ressaltar que o fato de os estudantes estarem dentro das escolas não significa que a qualidade do ensino oferecido seja bom. Sabemos que muitos estudantes deixam o ensino fundamental sem compreender o que estão lendo. A qualidade da educação precisar crescer, e muito!
Por que Singapura é tão bem-sucedida na educação?
Singapura só se tornou um país independente em 1965. A nova nação tinha uma força de trabalho pobre, não qualificada e, em grande parte, analfabeta. O pequeno país asiático concentrou-se incansavelmente na educação de qualidade como forma de alavancar a economia e elevar o nível de vida da população.
Mesmo estando entre os mais pobres do mundo, com uma mistura enorme de etnias, religiões e línguas, Singapura ultrapassou os países mais ricos da Europa, América do Norte e Ásia para se tornar o número um na educação, fazendo o correto: investindo em mão-de-obra qualificada e valorizando os docentes.
Atualmente o país recruta seus professores de um sistema altamente centralizado. Todos os educadores são treinados no Instituto Nacional de Educação, o que assegura, segundo o país, o controle de qualidade.
Sobre PISA
Durante duas horas, mais de 540 mil estudantes realizam o teste de PISA em um computador. Aqueles jovens sabem que naquele momento eles não serão avaliados, mas seu país.
Os influentes rankings de Pisa (Programme for International Student Assessment), administrados pela OCDE, são baseados em testes realizados por jovens de 15 anos em cerca de 70 países que mesclam questões dissertativas e de múltipla-escolha. O último relatório divulgado foi em 2015.
Os jovens precisam ainda responder um questionário generalista em pouco mais de meia hora falando sobre suas condições socioeconômicas, escola, casa, aprendizado e sobre eles mesmos.