Jovens estão sempre conectados e, teoricamente, estão mais informados. Correto? Não. Uma pesquisa (pdf – em inglês) publicada no periódico EdWeek da Universidade de Stanford mostrou que jovens – já universitários – ignoram informações básicas dos sites que acessam, como seus financiadores e o autor da postagem, confiando majoritariamente no ranking dos buscadores, tornando propícios a acreditarem em fake news .
A pesquisa que recebeu mais de 7 mil respostas também ouviu estudantes do ensino médio. Neste grupo, a maioria não conseguiu distinguir um anúncio de uma notícia informativa, o que é muito preocupante, já que compram como informações o que é publicidade. Diante da constatação, é certo que deveria fazer parte da rotina escolar abordar a questão da fake news em sala de aula. Algumas instituições de ensino já entenderam isso e realmente investem nesse tipo de esclarecimento, mas boa parte ainda não. Assim, vai a dica: como abordar este tópico em sala de aula?
Mas antes … o que é fake news?
Segundo o Collins English Dictionary, que nomeou o termo como palavra do ano de 2017 – fake news significa:
“False, often sensational, information disseminated under the guise of news reporting”
(falsa, muitas vezes sensacional, a informação que é divulgada sob o disfarce de notícia informativa – tradução nossa)
Ao contrário de como vem sendo usada, a fake news não é uma notícia que o leitor discorda e muito menos um erro de apuração. A expressão significa, segundo o Mackenzie, uma publicação feita sem apuração, de forma intencional ou não que se assemelha com a verdade. O termo se popularizou com o presidente americano Donald Trump ao criticar veículos de comunicação e jornalistas, mas vale deixar bem claro que a fake news existe desde o início dos tempos.
Checagem de Fatos na sala de aula
A organização internacional de Fact Checking Poynter elaborou um plano de aula gratuito destinado aos professores e educadores que queiram trabalhar a temática. Contando com 20 páginas e de maneira bem simples, o material é excelente cartilha para introduzir os estudantes no mundo da checagem de informações. O material foi traduzido para o português pela agência de jornalismo investigativo A Pública e pode baixado gratuitamente (em pdf). Segundo o livreto, o ideal é que o professor dedique ao menos 75 minutos – caso siga por completo.
Experimentos ao redor do mundo
Na Inglaterra, Beth Hewitt, professora da Universidade de Salford tem realizado seminários sobre como identificar fake news. Voltado para crianças do ensino fundamental, as mesmas ressaltam que têm dificuldade em distinguir notícias reais das falsas. A boa nova é que, ainda na terra do Big Bang, os jovens que foram ouvidos admitiram que confiam nas grandes marcas de jornalismo – BBC, Sky News e ITV – e que os meios mais confiáveis são TV, Online e posteriormente o rádio.
Já na Itália, mais de 8 mil escolas do segundo grau estão recebendo projetos contra fake news. Idealizado pela jornalista e política Laura Boldrini, a experiência conta com o apoio do governo italiano e de empresas de tecnologia como o Facebook. Segundo ela:
“É justo dar a essas crianças a possibilidade de se defenderem das mentiras”
O programa que tem potencial para se tornar um espelho para o resto da Europa sugere também que os próprios alunos criem blogs ou páginas em redes sociais para expor histórias falsas e mostrar o processo de apuração. Essa determinação é polêmica, não é?
Como identificar uma notícia falsa
1. Olho no endereço
Se a URL da página se assemelha de outro portal ou site mais conhecido desconfie. Endereços online com finais .com.co, .co, .tk necessitam de maior atenção.
2. O título
Manchetes em CAIXA ALTA tendem a ser sensacionalistas ou apenas caça cliques. Títulos com opiniões explícitas – ou mesmo adjetivos – em matérias informativas também são indicativos de fake news.
3. Quando foi publicado?
Sites com credibilidade apresentam de forma clara a data da publicação e/ou atualização. Já quem produz notícias falsas tendem a reciclar seu conteúdo, ocultado a data original.
4. Quem publicou?
O post tem o nome do autor? É comum as matérias terem a assinatura de quem escreveu aquele conteúdo. Produtores de notícias falsas se escondem no anonimato da internet. Procure observar sempre quem são as fontes das notícias, ou seja, as pessoas que deram as informações ao redator. Isso é importante.
5. Veículo
Já conhece esse site? Quem é o proprietário? E o público alvo da publicação? Analise os outros posts e veja os comentários.
Dica Extra: Use o site WhoIs.net para encontrar informações sobre o proprietário do site. Basta digitar a URL do veículo. Se os dados estiverem protegidos ou ocultos, desconfie.
6. Pesquise no Google
Pode parecer óbvio, mas muita gente esquece de fazer isso. Ao pesquisar aquele assunto no buscador, é possível ver se outros veículos noticiaram aquela mesma informação. E convenhamos, dificilmente o site “Noticias Urgentes do Meu Brasil” vai furar a Globo ou UOL.
7. Publicação Original
Ainda usando o Google, use os filtros de data e idioma para descobrir o primeiro site que publicou a tal informação.
8. Para imagens, faça uma pesquisa reversa
Ferramentas gratuitas como Google Imagens (apenas PC/Mac) – no mobile há um site não oficial chamado Reverse Photos – e Tineye permitem que você faça o upload daquela foto que está circulando no seu WhatsApp e confirme a veracidade daquela informação. Os buscadores apontam também para os sites em que a fotografia foi publicada e até a data de origem, assim como o retrato original, para aquelas que foram manipuladas.
A realidade em números
Segundo a Pew Research Center, 55% das pessoas com mais de 50 anos recebem notícias das de redes sociais. Entre 18 e 49 anos, o número atinge a casa dos 80%. Quase metade dos jovens diz estar preocupado com as notícias falsas, mas mesmo assim, 30% diz não estar interessado em aprender como às identificar.