Se eu simplesmente perguntasse a qualquer pessoa o que é ser alfabetizado no mundo atual, altamente conectado, qual seria a resposta? O que você me diria?
A educação midiática, de uma forma bastante resumida, pode conter a resposta a essa pergunta, sendo compreendida na prática como alfabetização e letramentos digital e midiático. Nesse contexto, os estudantes são levados a desenvolver durante o processo de ensino e de aprendizagem as habilidades de decodificação e interpretação de mensagem na linguagem das mídias, ao longo da educação básica, com grau de complexidade em conformidade com a série que cursam.
E a educação midiática pode ser uma disciplina introduzida no currículo escolar? Certamente. Mas, por ser um braço poderoso da educomunicação, a educação midiática encaixa-se perfeitamente como um processo de ensino que busca ensinar o “pensar fora da caixa”, aos estudantes. Trata-se de uma forma de levá-los a pensar de maneira autônoma, proativa e consciente tanto na solução de problemas como na tomada de decisões, por exemplo, orientando-se por informações e conteúdos pesquisados, inclusive na internet, mas sem deixarem-se influenciar pelas mídias (digitais ou físicas), já que aprendem a refletir sobre tudo o que leem, ouvem e veem, usando o senso crítico e analítico.
Nossos alunos estão submersos na Cultura Digital, e, na Era da Informação, ao falarmos em conhecimento, é relevante termos ciência de que tudo – ou quase tudo – é construído a partir do acesso à vários canais, entre eles, a internet, por meio de notícias e informações, ou seja, conteúdo em larguíssima escala, impossível a qualquer ser humano capturar de maneira proveitosa e focada.
Por isso, a mediação de um professor se faz necessária para que crianças e jovens, desde a alfabetização, aprendam a utilizar as mídias, especialmente as digitais, com apropriação e inteligência. As gerações a partir dos anos 90 são nativas digitais, e embora usem as redes sociais e os aparatos tecnológicos confortavelmente e intuitivamente, não foram ensinadas a fazê-lo de forma adequada. E é isso o que fazemos quando inserimos a educação midiática no nosso currículo.
Ao contrário do que muitos ainda afirmam, as mídias digitais expandem as possibilidades do processo de ensino e do processo de aprendizagem. Se até bem pouco tempo a aula era baseada em escutar, assistir, decorar ou reter, na atualidade, e por conta da acessibilidade ilimitada à informações de nossos alunos, as aulas precisam ser pautadas em investigar, pesquisar, produzir, comunicar, sintetizar, conectar.
No século XXI, a simples transmissão de conhecimento do docente para o aluno já não faz mais sentido. A aprendizagem do século XXI deve ser pautada pela solução de problemas, por meio de investigação e criação, com uso de metodologias ativas. E como o objetivo de que toda pesquisa, investigação e criação sejam feitas com senso crítico, é preciso que todos saibam usar a rede mundial de computadores, compreendendo que muitos conteúdos – em texto, áudio, vídeo, infográfico, etc., são falsos, equivocados, ou parcialmente falsos, e que podem comprometer seriamente ou distorcer nosso entendimento sobre fatos ou nos levar à produções novas, a partir deles, errôneas ou igualmente equivocadas.
É preciso que nossas crianças e jovens saibam o que são os algoritmos e como estes algoritmos direcionam conteúdos. Também precisam estar cientes de que as redes sociais, por exemplo, os colocam em bolhas, que apenas reforçam seus posicionamentos, sejam eles quais forem.
Por meio da educação midiática, os estudantes são levados a analisar os conteúdos das mídias em todo tipo de formato, seja nos meios digitais ou físicos, de maneira crítica; compreender mecanismos de busca, curadoria e produção de conhecimento seja de forma isolada ou em equipe; acessar ferramentas digitais, conhece-las, apropriar-se e adaptar-se a elas; aplicar o conhecimento adquirido no ambiente digital para a autoexpressão, exercício da cidadania, solução de problemas; e criar conteúdos de forma ética e responsável.
Já para os professores precisam se apropriar dos saberes e estratégias pelos quais irão desenvolver a educação midiática junto aos alunos em sala de aula, explorando abordagens pedagógicas novas por meio de tecnologia, informação e comunicação; promovendo cultura de aprendizagem que estimule o aprendizado contínuo, a criatividade e a curiosidade; facilitando a aprendizagem significativa; orientando os educandos para práticas legais, éticas e seguras no ambiente digital e no físico; além de serem capazes de criar experiências que promovam o engajamento, participação e contribuição social de forma crítica e responsável por parte dos estudantes.
Incluir a educação midiática nas nossas escolas é necessário e isso já é feito em escolas de países que lideram os rankings de educação em nível mundial, como Finlândia e Canadá. O resultado dessa introdução na rotina escolar é o engajamento, melhora do processo de aprendizagem e o mais significativo: auxiliar os estudantes a caminharem pelas próprias pernas com cidadania plena.
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Por Sandhra Cabral
Mestre em Inovação na Comunicação de Interesse Público pela USCS/USP, com área de pesquisa voltada ao uso da comunicação em Comunidades de Prática Virtuais para a atualização e formação continuada de professores e lideranças educacionais; educomunicadora, jornalista graduada pela UMESP – Universidade Metodista do Estado de São Paulo; docente universitária na USCS – Universidade Municipal de São Caetano do Sul; CEO do Educar para Ser Grande, Consultora em Inovação na Educação e em Educomunicação. Jornalista premiada, com mais de 25 anos de experiência em hard news.
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