Dados do Instituto Reuters apontam que 47% dos individuos, no Brasil, evitam deliberadamente as notícias, crescimento de 6 pontos percentuais entre o ano passado e este ano, na comparação com o período anterior, entre 2022 e 2023.
A pesquisa anual Digital News Report retrata a relação dos usuários com as mìdias em 47 países e destaca o aumento da evasão seletiva de notícias.
De acordo com o levantamento, um dos motivos para essa evasão do consumo de notícias é a “sobrecarga”.
A quantidade de indivíduos que se sentem sobrecarregados pelo volume de informações cresceu 11 pontos percentuais desde 2019, ano em que os pesquisadores realizaram essa pergunta pela última vez.
No Brasil, o número foi maior que a média global: o aumento foi de 16 pontos percentuais, registrando 46% da população com esse sentimento de sobrecarga – o maior nível entre os países pesquisados, empatado com a França.
Embora haja elevação da evasão, a confiança das notícias entre os brasileiros permanece a mesma, ou seja, em 43% desde o ano passado.
A Finlândia continua sendo o país com os níveis mais altos de confiança geral (69%), enquanto Grécia (23%) e Hungria (23%) têm os níveis mais baixos.
A população brasileira e o distanciamento das notícias: um problema em múltiplas camadas
Ao nos inteirtarmos dos resultados da pesquisa acima, nos deparammos com um cenário, no mínimo, preocupante no Brasil: a evasão de notícias, ou seja, o número de pessoas que intencionalmente evitam se informar através de notícias, está em alta.
Mas por que isso é tão ruim?
As consequências são complexas e multifacetadas:
1. Desinformação e desinteresse pelo bem-estar coletivo:
- Sem acesso a informações confiáveis e relevantes, as pessoas ficam mais suscetíveis à desinformação e à manipulação, podendo levar a decisões erradas e até mesmo prejudiciais.
- A apatatia em relação a questões sociais e políticas também é um risco, uma vez que a população se torna menos propensa a se engajar em debates com bons argumentos e de forma sensata, e cobrar seus representantes.
2. Sobrecarga e negatividade: um ciclo vicioso
- O excesso de notícias, em geral com foco em temas negativos e sensacionalistas, gera a sensação de sobrecarga nos indivíduos.
- Essa sobrecarga leva à evasão, criando um ciclo vicioso que impede as pessoas de se manterem informadas sobre assuntos importantes.
3. Ameaça à democracia e ao jornalismo
- Uma população desinformada e desinteressada pela vida pública enfraquece a democracia e abre espaço para o autoritarismo e a manipulação.
- O jornalismo, pilar fundamental para o bom funcionamento das sociedades democráticas, também é afetado, uma vez que perde audiência e relevância quando as pessoas deixam de buscar suas notícias.
O que fazer?
Entre as açõe que podem ser adotatas para tentar reverter essa tendência estão:
- Jornalismo: é preciso que os veículos de comunicação repensem suas estratégias, buscando formatos mais dinâmicos, engajadores e acessíveis ao público.
- Educação: a educação midiática nas escolas é crucial para ensinar as pessoas a identificar fontes confiáveis, discernir fatos de opiniões e construir uma visão crítica da realidade.
- Engajamento social: iniciativas que promovam a participação cidadã e o debate público podem ajudar a despertar o interesse das pessoas por questões sociais e políticas.
Combater a evasão de notícias é um desafio que exige esforço conjunto de diferentes setores da sociedade. Através do diálogo, da educação e da busca por soluções inovadoras, podemos construir um futuro mais informado e engajado, onde a democracia e o bem-estar coletivo sejam prioridades.
Em ano eleitoral, como este, no Brasil e em vários países do mundo, saber distinguir o joio do trigo é fundamental para tomar boas decisões. Se você não sabe como começar a separar o falso do verdadeiro, comece sempre duvidando de tudo o que recebe. A dúvida leva à busca da verdade e esse já é meio caminho andado para não acreditar em tudo o que lê, vê e ouve.