A educação midiática, além de desvendar a internet para nossos estudantes, tornando-os conscientes a respeito da rede, das possibilidades que oferece e de seus riscos, também promove o protagonismo dos alunos, tanto na educação básica como no ensino superior.
Para isso, gestores e docentes das escolas precisam ter domínio de como adotá-la transversalmente nas disciplinas, conscientes da potência que ela oferece como ferramenta indispensável do processo de ensino e de aprendizagem nos dias atuais, em que os estudantes são nativos digitais e altamente familiarizados com as mídias e com as redes sociais.
Os conteúdos das disciplinas podem ser a base de projetos midiáticos criados na escola, tendo os alunos como produtores desses conteúdos, enriquecendo e ampliando os saberes enquanto engaja a todos.
Por mais dificuldades que um estabelecimento de ensino enfrente, sempre é possível desenvolver uma mídia para agregar, por exemplo, as atividades propostas que serão apresentadas não apenas às turmas envolvidas, como a todos, seja por meio de uma rede social digital, um blog, um canal no Youtube.
Aos docentes, cabe a proposta, orientação sobre pesquisa do tema (e aí entra a educação midiática para a curadoria dos conteúdos e como realizar essa curadoria na internet, que contém tanto informações verídicas e aprofundadas como fake News), assessoria para a escolha da mídia a ser utilizada e respaldo no decorrer do processo até o objetivo final da atividade.
Sugestões de atividades e projetos
Um blog pode ser criado para uma turma, para abrigar as produções, em plataformas que oferecem versões gratuitas, como a Wix ou WordPress, sem muita complicação, já que há inúmeros tutoriais que vão desde a criação até a publicação de material em texto, imagem, vídeo, áudio, oferecidos pelas próprias plataformas e também por meio de outros canais na internet.
Além de ser utilizado para a postagem das atividades produzidas em mídias, o blog, assim como uma rede social ou canal no Youtube, também pode ser usado com inúmeras finalidades no processo de ensino e de aprendizagem. Há a possibilidade de os estudantes se engajarem nas ações da própria da escola, produzindo conteúdos midiáticos, na “cobertura” de festas realizadas em datas comemorativas pela escola, como feiras culturais, festa do dias da mães, dos pais, dia da árvore, festa junina, dia da criança e por aí vai, ou produzindo conteúdo sobre prêmios que alunos ou mesmo a instituição recebeu de órgãos externos.
As possibilidades são inúmeras e se ampliam com ideias que podem partir de todos: desde gestores, professores e estudantes, até funcionários, pais de alunos e comunidade. Todos podem ser envolvidos, enriquecendo sobremaneira o projeto de educação midiática e de expansão do conhecimento dos estudantes com significado, que é o objetivo maior do processo de ensino e de aprendizagem.
Os conteúdos a serem produzidos também podem (e devem) propor reflexão, solução de problemas, inclusive do espaço escolar, campanhas de melhoria de convivência, limpeza, até separação de lixo para reciclagem.
A página oficial da escola – site -, assim como o Facebook ou Instagram, além das informações tradicionais sobre a instituição e seus projetos de gestão, podem incluir todas as produções autoriais midiáticas dos estudantes. Além de estimular os alunos a se envolvem nas atividades, também manterão os pais, por exemplo, por dentro do que ocorre em termos de apropriação da internet, conteúdos pragmáticos e desenvolvimento dos filhos como cidadãos plenos, pensantes, questionadores e reflexivos.
As produções escritas para o blog, que podem ter fotos ou hiperlinks para vídeo, não demandam mistério para os jovens altamente conectados: fotos e vídeos já são produzidos por eles com naturalidade, por meio dos smartphones para serem postados nas redes sociais deles. A ideia é que usem o aparelho com finalidade de real produção autoral, que tenha um propósito dentro da escola e de uma determinada disciplina ou de várias, por meio de projeto integrado interdisciplinar.
Modo de fazer
O ideal é que a gestão e os docentes da escola sejam preparados e atualizados para aplicar a educação midiática e a educomunicação transversalmente em suas disciplinas.
Após essa formação docente e realização de uma oficina é hora de planejar as aulas individualmente, incluindo as atividades e as ações educomunicativas, ou de maneira conjunta, por meio de um projeto integrado interdisciplinar, que tenha objetivo de produção de conteúdo midiático, englobando as necessidades das disciplinas nele envolvidas.
O próximo passo é realizar a conscientização dos estudantes para as novas ações, para que servem, como serão desenvolvidas, e, sobretudo, destacar que trata-se de um processo potente de aprendizagem.
O ideal é que as atividades iniciais sejam de pesquisa, aprofundamento de conteúdos por parte dos estudantes, a partir da educação midiática, destacando como eles devem fazer isso na internet de maneira proveitosa, separando o lixo informacional do que realmente precisam. Nesse momento, há o ensinamento sobre como detectar e desconstruir as notícias falsas.
A partir desse aprendizado, vale a criatividade do docente ou do grupo de professores do projeto integrado.
Uma dica é para que os docentes criem uma sala para cada tuma no Google Classroom, para a postagem de ebooks preparados por eles sobre a atividade, indicação de leitura, solicitações e para que os estudantes tenham um local específico para abrigar o material bruto coletado em imagem, vídeo, áudio… Tudo disponível a todos os envolvidos.
Os docentes podem aproveitar esse espaço, para colocarem tutoriais, aulas em vídeo que auxiliem a turma nesse processo de desenvolvimento do trabalho, especialmente sobre as técnicas de aprofundamento de pesquisa e da escrita no gênero jornalístico, permitindo que possam acessar e aprender também em casa.
Com o passar do tempo, as proposições e produções podem se tornar cada vez mais complexas, à medida em que docentes e estudantes se acostumem com o processo.
Se as estratégias da educomunicação e educação midiática forem aplicadas de forma adequada e com intencionalidade pelos professores, ainda que enfrentem algumas dificuldades de início, terão grandes e gratas surpresas com os resultados e com a evolução das habilidades e competências desenvolvidas pelos alunos.
Os estudantes ganharão desenvoltura para lidar com a adversidade, interagir com os demais e com o público em geral, tornar-se-ão mais focados e dispostos a buscar com afinco seus objetivos e sonhos. Desenvolverão a autonomia, proatividade e capacidade de comunicação, argumentação, empatia e sensos crítico e analíticos, já que todas essas características são necessárias à realização de tais atividades, se estas forem propostas adequadamente pelos docentes.
De início, basta o básico: um computador com wifi para a produção de textos, tratar fotos, editar vídeos, usando aplicativos e sites que auxiliam nestas funções. A câmera pode ser a do smartphone, tanto para foto como para vídeo. E também, em último caso, o smarthphone pode ser usado para edições e tratamento de fotos. Gravação de voz também pode ser feita pelo smartphone, bem como a edição. Em todos os casos há inúmeros aplicativos gratuitos que oferecem excelentes recursos.
Docentes preparados para orientarem os estudantes na produção midiática intencional e com objetivo encontra facilmente o engajamento dos alunos, valorizando-os.
E o grande segredo é o trabalho em equipe, que permite e fomenta o compartilhamento e construção de conhecimentos para atingir os objetivos definidos com os estudantes. E depois que o primeiro jornal, blog, vídeo ou postagem em uma rede social sobre as atividades propostas for concluído, os passos seguintes serão cada vez mais assertivos, alegres e ocorrerão de forma natural. Vale muito a pena pensar no assunto e colocar a educação midiática em prática.
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