No Brasil, 89% das crianças e adolescentes são usuários de Internet. No entanto, uma parte desse público (4 milhões e 800 mil pessoas), ainda mora em domicílios sem acesso à rede, o que representa 18% dessa população.
Os dados são de pesquisa divulgada no fim do ano passado pela TIC Kids Online Brasil. O estudo também apontou que 1 milhão e 400 mil crianças e adolescentes nunca acessaram a Internet.
Quando se fala em nível mundial, uma em cada dez crianças não tem acesso ao ensino remoto, o que representa 463 milhões de crianças e adolescentes sem acesso à educação remota no mundo.
Essa situação é desastrosa, especialmente em tempos de isolamento social, nos quais as aulas são feitas em ambiente virtual. E quando pensamos nesse acesso, há dois pontos a serem observados, de acordo com Nathalia Pontes, Mestre em Psicologia da Educação pela PUC-QSP, Gestora Educacional e Coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento da PlayKids: os pré-escolares, um dos públicos que mais sofreu com o ensino remoto, porque não houve estratégia para eles no ambiente virtual, e os estudantes que estão no Fundamental II e Ensino Médio, porque o ensino remoto sem estratégia adequada aprofundou a evasão escolar, que já era um problema enraizado no Brasil.
“Se observarmos a taxa de abstenção do Enem deste ano, de quase 55 por cento, já podemos ver um reflexo do impacto do aprofundamento dessa desigualdade na educação”, avalia a pesquisadora.
“E o impacto nessas crianças que não conseguiram ou não se sentiram seguras para fazer a prova, uma vez que não tiveram oportunidade de estudar por falta de acesso à internet, pode ser muito profundo. Muitas podem não continuar os estudos, não seguirem para o ensino superior. E os reflexos disso podem ser ainda maiores, como impactar as vidas delas em relação ao futuro profissional, inserção no mercado de trabalho, salários e por aí vai”, pondera Nathalia Pontes.
É urgente que se pense com muita atenção nesses estudantes e se adotem políticas públicas, bem como ações de toda a sociedade, no sentido de reverter essa situação.
Quando se fala em ensino remoto, outro problema, além do acesso à Internet, é a qualidade de acesso. Muitas vezes a conexão é tão ruim, que o estudante não consegue acompanhar as aulas e fica a dúvida do quanto esse aluno vai absorver do que é transmitido a eles.
Há ainda o caso de crianças que nunca tiveram acesso à internet – 1 milhão e 400 mil –, que exige muito mis empenho por parte de governos nas três esferas para que elas possam ter condições iguais de educação, em relação aos estudantes que têm essa possibilidade.
Para Nathalia Pontes, Mestre em Psicologia da Educação pela PUC-SP, Gestora Educacional e Coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento da PlayKids, enquanto não se coloca em prática programas que levem internet a todas às crianças e adolescentes, é preciso pensar rapidamente em planos B, C e D, para que esses alunos recebam o mesmo conteúdo e tenham a mesma possibilidade de trocar com os professores que os demais.
“Uma das coisas que é possível fazer nesse momento é pensar em outras atividades que possam ser desenvolvidas, focando-se nesse público, como levar o conteúdo por meio de programas de rádio, programas de TV, atividades paralelas que reforcem o aprendizado, incentivo à leitura, à matemática financeira, ou seja, criar fórmulas que mantenham essas crianças em contato constante com a educação. Ações desse tipo são muito poderosas para mantê-los em contato com a escola e com o processo de ensino e aprendizado, além de serem necessárias”, completa.
A pesquisadora também reforça a necessidade de o setor educacional aproveitar essa fase de ensino remo e investir na apropriação da tecnologia a favor da educação.
Segundo Nathalia Pontes, essa apropriação é feita com muito sucesso e excelentes resultados, quando se fala em aprendizagem, em países que estão na ponta em relação à educação com a Finlândia, por exemplo.
Esse investimento no setor educacional passa também pela atualização profissional de docentes e gestores e de estruturação de estratégias que devem partir de todos os segmentos da sociedade.
Esse conteúdo e muito mais foi tirado da live feita por Sandhra Cabral com Nathalia Pontes, Mestre em Psicologia da Educação pela PUC-SP, Gestora Educacional e Coordenadora de Pesquisa e Desenvolvimento da PlayKids. A live está no canal do Youtube do Educar para Ser Grande e pode ser acessada pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=ERNKpftKirA
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