Blended learning ou ensino híbrido é uma das tendências da educação do século 21, e sua ventilação tornou-se mais forte com a pandemia de Covid-19 e a consequente migração do ensino presencial, já no início de 2020, para o ambiente virtual.
A fórmula básica do ensino híbrido é o que seu nome sugere: promoção da mistura entre o ensino presencial e propostas de ensino remoto, ou seja, integra educação e tecnologia.
E isso é simples?
A implementação do ensino híbrido, inserido na gama de metodologias ativas, exige que sejam repensados a organização da sala de aula, plano pedagógico, a gestão do tempo na instituição de ensino, e os papeis desempenhados pelo professor e pelos alunos, uma vez que o ensino híbrido prioriza o protagonismo dos estudantes, aulas que enaltecem o aprender a aprender, e que buscam identificar as necessidades dos alunos com foco na personalização.
Nesse contexto, qual seria o real papel das tecnologias digitais?
No ensino híbrido, as tecnologias digitais facilitam a personalização, favorecem a distinção sobre quais as dificuldades e facilidades dos alunos, e orientam sobre como as experiências de aprendizagem podem melhor atender ao objetivo de desenvolver habilidades e competências dos estudantes.
Resumindo: ao contrário do que foi feito em muitos casos no ensino remoto emergencial, no ensino híbrido, as tecnologias digitais não assumem o papel de levar aula expositiva a alunos que não estão presentes na escola. Trata-se de muito mais!
As TDICs devem ser usadas para a promoção do desenvolvimento do pensamento crítico, argumentação e contra-argumentação, colaboração, comunicação e, bingo!, construção coletivo de conhecimento.
Ao pensar no papel das tecnologias digitais na atualidade é preciso que se compreenda que nossos alunos são prosumers, ou seja, seres que consomem, mas que igualmente produzem conteúdos no ambiente digital. Desta maneira, as experiências digitais passam a ser construídas como possibilidades de buscar a personalização da aprendizagem e as TDICs transformam-se em ferramentas mediadoras da aprendizagem.
E qual o papel do educador e do estudante no ambiente presencial no ensino híbrido?
No ensino híbrido, o ambiente presencial continua exercendo sua função milenar: facilitar a interação entre as pessoas! Simples assim…
E, nesse momento específico, em que se fala em retorno presencial nas escolas, mesmo com restrições impostas pela Covid-19, a interação entre estudantes, docentes e funcionários das escolas reforça essa função do contato pessoal.
Pergunta que não quer calar: que modelo de ensino híbrido adotar?
A modalidade híbrida de aprendizado contempla duas categorias: modelos sustentados e disruptivos.
Os sustentados preservam as características do ensino tradicional, enquanto o disruptivo rompe o modelo educacional tradicional, sendo menos utilizado no Brasil, por exigir adaptação a ele e ao novo formato. Essa quebra vem sendo feita de forma ainda lenta em nosso País.
De acordo com os autores Horn; Staker (2015), os modelos de ensino híbrido podem ser:
Rotação por Estações (Sustentados)
Dividido em estações de trabalho (cada estação tem um objetivo específico e todas estão ligadas ao objetivo central da aula). Nesse modelo, cada aluno ou grupo de estudantes inicia em dada estação. Passado o tempo pré-determinado pelo professor, eles trocam de estação, de modo que todos os alunos passem por todas as estações. As estações são independentes uma das outras, promovendo a conclusão de objetivos separados, para que no final se completem. Por ser modelo de ensino híbrido, algumas estações são feitas de forma online.
Laboratório Rotacional (Sustentados)
Divide a forma de aprendizado em duas. Exemplo, em uma aula de educação física o professor divide a classe em dois grupos: enquanto um segue a quadra de esportes, para atividade prática, o outro grupo de estudantes vai para o laboratório de informática para aprender a teoria.
Cada grupo fica um tempo determinado em cada módulo. Passado o tempo pré-determinado pelo docente, os grupos trocam de lugar, a fim de que todos os estudantes aprendam um mesmo tema de formas diferentes (teoria e prática).
Sala de Aula Invertida (Sustentados)
Nesta modalidade híbrida de aprendizagem o aluno estuda o conteúdo antes da aula, de forma com que se prepare para as atividades posteriores, trazendo uma bagagem de conhecimento para a aula, a fim de compartilhá-la com o restante da turma.
Rotação Individual (Disruptivos)
Sua base é muito parecida com o modelo de rotação por estações, contudo nesta modalidade cada aluno tem seu roteiro personalizado e não mais um grupo.
A principal diferença entre a rotação individual e a por estações é que no individual o aluno não é obrigado a passar por todas as estações. Na rotação ele passa por aquelas que fazem sentido ao nível de aprendizado dele.
Virtual aprimorado (Disruptivos)
Nesse modelo, os estudantes realizam os estudos sobre todos os componentes curriculares no formato online, e frequentam a escola para sessões presenciais obrigatórias com um professor, uma ou mais vezes por semana. Nesses encontros com o professor, são aprofundadas as discussões sobre aspectos que merecem um aprofundamento, um esclarecimento de dúvidas, ou um acompanhamento para auxiliar nos próximos passos, como uma mentoria personalizada.
À La Carte (Disruptivos)
De acordo com (Horn e Staker, 2015), no modelo à la carte, a aprendizagem de uma disciplina é feita no modelo online e, para os autores, esse modelo é mais eficiente no Ensino Médio, nas disciplinas eletivas.
Uma das possibilidades é a migração de algumas disciplinas previamente selecionadas, para o formato online, acompanhadas pelos professores em videoconferências para discussão e aprofundamento, com a entrega de conteúdos no formato online. As avaliações poderiam ser realizadas, por grupo, em encontros presenciais.
Flex (Disruptivos)
A aprendizagem online é a principal forma de estudo e o cronograma de aulas é altamente personalizado e fluido no modelo flex.
Os estudantes aprendem na escola física, com exceção das tarefas de casa. O docente fornece apoio presencial de forma flexível, de acordo com a necessidade, por meio de atividades, projetos em grupo e aulas individuais.
É bom lembrar que os modelos do ensino híbrido objetivam dar oportunidade de aprendizado para o aluno de acordo com suas possibilidades, permitindo a ele mais autonomia e liberdade no momento de consumir o conteúdo. Nele, cada estudante torna-se mais ativo em aula, colaborando com os demais.
Nesse formato de aprendizagem é mais evidente ao professor quais são as facilidades e dificuldades de cada aluno, tornando possível a personalização do ensino, com a proposta de atividades de acordo com a necessidade de cada um.